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quinta-feira, 28 de julho de 2011

A CASA BOLA DE EDUARDO LONGO.

Os programas residenciais representam, por essência, um campo aberto à experimentação.
Nas residências, com maior constância, arquitetos deixam fluir mais livre sua imaginação e, pode-se até dizer, fazem fermentar os novos caminhos e inclinações da profissão.

Eduardo Longo não é exatamente um arquiteto que se possa classificar como convencional. Em sua disposição para experimentar - que já havia sido observada por Yves Bruand, no livro "Arquitetura Contemporânea no Brasil" - ele conta com um projeto no mínimo inusitado: a residência-bola.
“É o segundo projeto de habitação esférica realizado pelo autor. O primeiro foi construído sobre a residência anterior do arquiteto, reformulando-a totalmente”, informava o texto publicado na edição 73 da revista PROJETO, em março de 1985.

Na segunda experiência
, a esfera aparecia apoiada sobre uma coluna cássica, com capitel, no qual se destacava o motivo floral de ramos e frutos de café, homenagem ao avô de Longo, um cafeicultor.
“O conjunto representa a utopia e o futuro, a arquitetura da era do plástico”, analisava a reportagem.

Utopia, futuro, era do plástico?

Passados 17 anos da publicação, como a casa-bola seria analisada hoje? Longo lembra que, na verdade, a proposta-conceito foi idealizada para aplicação em edifícios de apartamentos, dentro dos quais as duas residências foram protótipos. “Não teríamos apartamentos geminados, uma vez que haveria vazio entre as unidades”, diz.

Como residência isolada, ele reconhece, faltam complementos como um chapéu (a cobertura) e beirais. Apesar de algumas imperfeições construtivas dos protótipos — “a esfera não é perfeita” —, Longo não considera sua proposta superada.


Avaliação parecida
faz o arquiteto Eduardo de Almeida, professor da FAU-USP que tem em sua trajetória profissional dezenas de projetos de residências. Almeida vê Longo como um pesquisador sério e competente — isolado, porém — e afirma que a casa-bola foi um projeto experimental, uma tese que necessita ser melhor avaliada. Observa que há méritos na proposta e destaca sobretudo a ousadia de Longo percorrer caminhos originais. “Nunca tive essa coragem”, admite Almeida.

O jovem arquiteto Vinícius Andrade
, sócio do escritório Andrade Morettin (que vem ganhando projeção pela qualidade de sua arquitetura), tinha 16 anos quando a casa-bola foi publicada.

Ainda hoje, Andrade considera o trabalho de Longo um ícone, no sentido de constituir uma proposta do arquiteto para
um sistema construtivo industrializado que poderia ser aplicado em escala.
“A idéia-conceito existente é mais importante que a forma final”, opina. Nesse sentido, o formato esférico parece-lhe um contra-senso, quase um fetiche da industrialização.

Texto e pesquisa de Adilson Melendez
Publicado originalmente na revista PROJETODESIGN
Edição 264 Fevereiro 2002

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