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terça-feira, 6 de setembro de 2011

ENTRE A MADEIRA, ALVENARIA E O MAR.....

O  pórtico de alvenaria e estrutura metálica tem nove metros de largura e seis de altura. Ele contém o volume de madeira, com quatro metros de lado, onde se organizam os ambientes íntimos e a cozinha
Dois volumes superpostos conformam a casa em Natal concebida pela equipe de Bernardes & Jacobsen Arquitetura. Externamente, a edificação é delimitada por abrigo de pé-direito duplo, um pórtico feito com empenas de alvenaria e malha estrutural metálica, enquanto internamente a organização se dá por meio de uma caixa de madeira. É uma casa pequena se comparada com os projetos usuais no portfólio do escritório, e, por isso, interessante registro de sua produção.

Os espaços híbridos - dentro/fora -, a retícula estrutural exposta, as superfícies contínuas de um mesmo material, quase sempre a madeira, e a luminosidade onipresente: a residência na capital do Rio Grande do Norte traz todos os indícios de que, mesmo no limite da ocupação do lote - um terreno em declive localizado em condomínio particular, perto do centro da cidade -, Paulo Jacobsen, Thiago Bernardes e Bernardo Jacobsen favorecem a interação do edificado com o natural ou aberto, de modo a potencializar a escala aparente da construção.
Há um tal jogo de contrastes entre pés-direitos, proporções de ambientes ou materiais, além do cuidadoso planejamento da iluminação natural (por vezes contínua, por vezes semitransparente), que a casa parece estender-se horizontal ou verticalmente além dos seus próprios limites. 
Uma qualidade recorrente no trabalho dos arquitetos e que, neste caso, deriva da adoção de um partido radical em termos de isolamento doméstico.
Metade da casa, assim, é transparente, como se a construção funcionasse como somatório de ambientes sombreados pela casca em pórtico, que não interrompem o terreno com sua massa edificada.
No térreo, toda a porção direita é uma sala de estar de dupla altura e caixilhos envidraçados, através da qual se comunicam a frente e os fundos do lote.
Já da rua, tem-se a deslumbrante vista do mar, para a qual está voltado também o pavimento inferior, dedicado aos quartos de hóspedes e espaços de serviço.
Dois rebaixos apenas - um espelho d’água e uma piscina - resguardam os acessos externos ao estar do térreo, conformando ambientes intermediários junto às extremidades longitudinais da edificação.
Eles são qualificados pela iluminação filtrada pelo ripado de cumaru que os recobre, assim como pelo vão total junto ao terraço posterior, decorrente do atirantamento de um dos vértices do pavimento superior.

Já na metade esquerda da casa há a caixa de madeira que abriga os quartos e a sala íntima central, no pavimento superior, e, no térreo, a cozinha contígua à área de refeições.
Seus caixilhos têm abertura total, do tipo camarão, e desenho semelhante ao ripado que reveste as paredes do volume, de modo a conformar-se a ideia central da arquitetura, ou seja, a setorização por volumes superpostos. Um partido reforçado, enfim, pelo fato de o pórtico externo e o volume interno não se tocarem em altura.


Texto de Evelise Grunow
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 377 Julho de 2011


FONTE: 
http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/bernardes-amp-jacobsen-arquitetura-residencia-natal-06-09-2011.html

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